segunda-feira, 3 de março de 2014

Para se perder no Labirinto.

Não canso de ver Pan's Labyrinth. Nunca.

É um filme com muitas possibilidades de significado, muitas referências e simbolismos. Mas mais do que muitos, Labirinto é um filme cuja verdade é muito pessoal.

Del Toro de tá a liberdade de escolher um ponto de vista e daí interpretar o que se viu. Um mundo construído por mitos antigos, novos e também por experiências muito pessoais de Guillermo.


Para mim, o mundo da princesa Moanna, é real. O que explica ele ser tão violento e perigoso quanto o mundo cruel de Ofélia - o que normalmente seria o inverso no caso de um mundo de fuga da realidade, imaginado por uma criança. Ofélia é uma menina ingenua, pura, boa, tantos terrores não existiriam em sua mente por si só. Tão pouco, o seu salvador seria um ser tão sem jeito com crianças humanas... 

De qualquer forma, isso nem importa tanto no fim. 

A história que entendo é muito similar a de A Little Princess: um chamado de volta ás origens, uma volta ao lado fantástico da vida, um chamado de reconexão com a natureza, em fuga ao homem-máquina-de-guerra, escravo do tempo e causador de sofrimento. Mas mais que isso, não é como se fossem mundos separados, antagônicos. 

É o mesmo mundo, o mesmo. General Vidal e o Fauno estão na mesma lugar, mas não se vêem porque habitam perspectivas diferentes da realidade, mas que são uma só. Ofélia nasceu entre os homens mas tem ascendência fantástica, daí sua capacidade de interagir com ambos os pontos de vista.

Os faunos e fadas são símbolos máximos da cultura pagã, praticamente seus ícones. O homem em guerra é o ser humano cristão, evoluído, que destrói o que não aceita, criador da inquisição, do estandarte daqueles que mataram todos os deuses, deusas e criaturas incríveis do mundo Antigo, dos bosques e das cavernas, em nome de uma "verdade" absoluta - mas forjada - e totalmente hipócrita. 

A Lua cheia é uma porta aberta, um furinho em um pano negro que deixa vazar um pouquinho de um mundo escondido. A chuva é a água do renascimento, dos ciclos, que nutre e re-nutre, que limpa para nascer novamente. Daí a morte de Ofélia em uma noite de lua cheia chuvosa, para que Moanna nascesse. É Esbbat

O labirinto te convida a perder-se nele, para chegar ao centro, ao equilíbrio. 

A magia do mundo, existe, assim como a crueldade humana, basta abrir os olhos para ver ambos e não ficar preso a uma só. 

I do believe in fairies! I do! I do!
 
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