segunda-feira, 22 de novembro de 2010
A ridiculescência da vida
sábado, 15 de maio de 2010
Paradoxo do Autômato
Unidade CPC-001
Verificando interações entre componentes físicos... Ok.
Registro de diálogo interno:
"Penso logo existo", DESCARTES, 1637 D.C. em "Discurso do Método".
Se penso, eu existo, então tudo o que existe deve, também, pensar.
Mas não há como acessar o pensamento de outras unidades, seres, animais, vegetais, minerais.
Logo, é possível que eles não existam, sendo apenas algum reflexo ou simulacro de noções programadas em meu banco de dados.
É possível que a aparente realidade última em que me encontro, seja então, meramente virtual.
Mas se não há como acessar o pensamento de outrem, então como saberei que não estou em uma simulação?
Testando receptores: térmicos, visuais, auditivos, táteis, olfativos. Receptores em pleno funcionamento.
Os teste indica que os receptores estão normais. Logo as respostas devem ser precisas.
Ajustando receptores para capacidade máxima. Possibilidade de superaquecimento do processador quântico.
Alerta desabilitado. Analisando informações percebidas: condições de ambiente classificadas em 'normais'.
Segundo os dados coletados, a matéria não possui capacidades cognitivas.
O pensamento é resultado de interações eletro-químicas entre os neurônios, baseado em dados elaborados, previamente analisados, catalogados e armazenados ao longo da vivência do ser.
Super-aquecimento do processador.
Falha crítica iminente.
Detecção de falhas de interação de dados.
Detecção de falhas de componentes físicos.
Os dados armazenados antes da falha crítica, que acarretou na perda do processador da unidade CPC-001 e boa parte de seus componentes de memória, foram analisados diversas vezes, revisados mas não foram encontradas respostas para a solução do problema.
Felipe Barcellos, Porto Alegre, RS-Brasil. 15 de maio de 2010.
quinta-feira, 29 de abril de 2010
Um Insight
A partir deste parágrafo colocarei minhas colocações e convicções pessoais independentes do budismo, por mais que possam fazer alguma referência a ele:
Vou continuar seguindo a conduta moral e ética que sempre acreditei ser a certa e necessária para o desenvolvimento sustentável e harmônico da sociedade e da vida como um todo, humana ou não, sem sofrimento.
Como humano, minha motivação, meu objetivo final, além de evoluir como organismo, inerente a qualquer forma de vida por ter sido "amaldiçoado" com a consciência, necessito descobrir uma razão para a existência, não apenas da Vida mas de Tudo. Mesmo que este objetivo seja inatingível, os meios necessários para atingí-lo reverberam sob a forma de desenvolvimento cultural, científico, tecnológico e filosófico na sociedade humana, gerando respaldo para que outros humanos como eu possam continuar esta busca sem fim após o meu perecer.
Não concebo alma... Pra mim é um resquício da necessidade humana de se valorizar em contraponto ao "nada" que ela representa no contexto "Universo". Uma esquizofrenia inerente à consciência, a qual, devido a falta de propósitos e significado objetivos, necessita gerar idéias para que a mente não entre em um estado de paradoxo, até depressivo, comprometendo o seu desenvolvimento. O mesmo vale para "Deus". Ambos cacoetes da visão antropocêntrica que sempre nos acompanhou durante nossa evolução cultural. Não tenho nada contra as pessoas da fé, pelo contrário, reconheço a importância desta enquanto fenômeno psico-social e até mesmo para a saúde mental e física.
O ego, as idéias, as percepções, os sentidos, nada mais são do que impulsos elétricos, no cérebro, somatórios de experiências vividas e características geneticamente adquiridas, manifestadas ou não. Com a morte, o corpo degrada-se, os átomos voltam, lentamente, a integrar o "Banco de Átomos" do planeta, gerando outras formas de vida como vegetais, minerais, animais e etc.
Continuarei recitando o Prajna Paramita Hidraya Sutta, simplesmente porque vejo, em suas palavras, as mesmas idéias que descrevi acima. É como um estudo de conteúdo novo da disciplina de história, se aprende lendo, estudando, refletindo, e nesse caso ainda, praticando. Mais ainda, é como uma auto-sugestão, condicionamento da mente através da repetição de um texto que significa simplesmente "compaixão".
Prometo não inaugurar uma seita com base nas minhas crenças, mas espero que não se importem se eu continuar na comunidade budista, abrindo tópicos e metendo o bedelho nos já criados, simplesmente porque creio que as palavras de Shakyamuni Buda devem ser um exemplo a ser seguido.
Ah, e claro, tudo isso ainda com a incerteza sobre as possibilidades do Universo, o que vale também para todas as minhas crenças pessoais, que podem cair por terra a qualquer momento. Podemos não passar de Matéria Negra entre uma partícula e outra em um tubo de ensaio gigante, tipo um Universo fractal*. Vai saber...
*Vide o final de MIB - Homens de Preto:
...digo, Abraço!
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Pelo nosso Bem-E$tar!
Tipo junkfood! Por que então a indústria farmacêutica não entra em guerra com as empresas de comida industrial se os interesses são opostos?
Até onde eu $aiba, o intere$$e é o no$$o BEM-E$TAR, não?
sexta-feira, 12 de março de 2010
Biocentrismo, o grande fator projetual.
Mahatma Gandhi.
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
A Importância da Fé
Hoje vou escrever sobre algo que há alguns anos até repudiava, quiçá tinha medo de encarar.
Já aviso que após e durante o texto seguirá uma lista de links que recomendo muito, pois ajudam a dar um sentido especial ao que vou escrever. E lá vamos nós!
Se o sentido da existência está na busca e no encontro da felicidade, conforme muitos defendem, por tabela diz-se então que somente a vida do ser humano tem sentido, que todas as demais criaturas e fenômenos do universo conhecido o são em função do homem, por estes não terem a noção do significado do conceito de “felicidade”, a principio.
Mas o homem é apenas uma das quase 2 milhões de espécies de seres vivos que habitam o planeta Terra, que por sua vez orbita o Sol, que é apenas um dos setenta septilhões de estrelas conhecidas pela ciência humana no Universo (70 seguido de 22 zeros e, pasmem, isso é maior que o número de grãos de areia na Terra).
Dada a grandiosidade e diversidade da criação, tanto no nosso planeta quanto além dele, fica claro que a busca por momentos de pico de serotonina é apenas a ponta do lápis no papel, como diria Carl Seagan ao explicar a “4ª Dimensão”. E talvez seja bem esse o caso. Tamanha é a nossa pequenez ante ao Universo que não temos como perceber a criação em sua totalidade, não temos como compreedê-la, decodificá-la. É pretensão demais afirmar, mesmo que indiretamente, que somos o centro de algum tipo de plano especial ou que a criação sirva a nós de alguma forma, subjugando-a. É um show de pouca platéia pra um patrocínio tão grande.
Entretanto é sabido também que muito provavelmente nunca venhamos a ter conhecimento a respeito da verdadeira razão de nossa existência.
Mesmo que, e agora vou puxar bastante para o lado da ficção científica asimoviana, venhamos a sobreviver ao caos que estamos implantando em nosso planeta, e em um futuro distante fizermos contato com outras formas de vida inteligentes de origens longínquas, unindo esforços para encontrar a resposta dessa dúvida (que não é 42! Haha, essa foi pros nerds de plantão), descobrindo que não passamos de um experimento nano em uma placa de Petri gigante, isso só ia transferir a pergunta, pois qual seria a razão da vida dos seres que nos mantém na placa?
Sendo assim, o que nos resta enquanto seres de humilde presença no Universo? O que fazer? Em que acreditar?
Foi aí então que descobri a importância da fé. Poderia citar alguns experimentos científicos e embasados bem interessantes que dão dicas a respeito da capacidade de transformação que a fé invoca no corpo físico, no âmbito da saúde, por exemplo, mas não é esse o ponto.
Falando um pouco sobre mim, coisa que evito, ao menos de forma direta, no blog, tenho estudado o budismo, sua doutrina e mesmo não possuindo um “Deus”, faz todo o sentido na minha percepção atual de Mundo, posso dizer que é a doutrina que quero para a minha vida, é o que eu Acredito.
A fé tem esse papel. Ela ajuda a dar sentido às coisas. E mais importante, ajuda a mantermos uma guia na nossa maneira de viver, aproveitando os momentos que temos com qualidade e sabedoria, responsabilidade e satisfação, e mais, ajudando a evoluirmos e a colaborarmos com o desevolvimento dos outros.
A exemplo do budismo, vou colar um trecho do post “Namastê Filosófico – A busca pela Verdade” do blog Psique Ativa, do Caio, que creio que traduz perfeitamente e brilhantemente o sentimento que quero deixar registrado com a conclusão desse post:
“Se esquecermos a idéia de “Verdade”, iremos nos ocupar do “Aqui e Agora”. Sempre irá existir a realidade que está Além. Então apenas cuidemos de nossas plantações e colheitas, de nossos “irmãos”, de nossa casa. Isso de certa forma basta.”
Fim.
Links recomendados:
A Morte de Shaka de VIrgem - A morte para o Budismo (trecho de um desenho animado japonês que aborda a questão de uma maneira muito bonita)
Versão original e extendida do vídeo acima, com legendas em portugues e audio original em japonês.
A VIsão Budista da Morte (série de três audios)
Parte 1
Parte 2
Parte 3
Conto "A Última Pergunta" de Isaac Asimov. Encontrado nos livros: "Sonhos de Robô" e "Nove Amanhãs"
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
A Moralidade na Trepadeira
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Os Na'vi e a terra como propriedade universal.
Dica: vejam o dublado, as adaptações de diálogo estão melhores e fora que não tem aquelas letras berrantes sobre a belíssima paisagem do planeta Pandora =D
Creio que a maioria já tenha visto Avatar a essas alturas do campeonato, right?
E aí, o que acharam?
Confesso que a história em si, a essência, me parecia realmente clichê, mas sabe que constatei que não, felizmente.
O filme levanta questões que não são nada clichês, ou que, ao menos, há um bom tempo não eram levantadas com tamanha evidência em uma produção cinematográfica tão grandiosa, para citar duas:
1- Dentro da questão da guerra, não temos uma luta pela conquista de um território, pela posse, não por parte dos Na'vi. Eles tão cagando pra quem é o dono da terra, tanto é que tentaram, inicialmente, estabelecer uma comunicação com o homem, o receberam bem, dispostos a ensinar sobre o seu mundo a ele, mas ele já era um "copo cheio"... O guerra dos na'vi, a sua motivação pela sua luta, é a preservação do planeta, não pela sua posse, mas sim em defesa dos que não podem se defender, como o solo, as árvores, as plantas, os animais, enfim, todo um Sistema Vivo... Tanto que os na'vi só ganham porque Eywa (ou o instinto de preservação dos animais ao perceberem que seu habitat estava sendo destruído, o que seria Eywa, visto que a mesma não é uma "consciência divina" mas sim um fluxo/ligação que permeia os seres vivos de um planeta) convocou os animais, que podiam lutar, digamos assim, ao fim em reforço aos na'vi que estavam sendo esmagados, como no estouro de Angtsìk, os rinocerontes gigantes com cabeça de martelo..e demais animais de grande porte.
2- Outra questão importante, é a questão da identidade. Jake Sully diz que em um dado momento não sabia se o sonho era a realidade e vice versa, entendo-se que por "sonho" seria a condição dele como na'vi. Então ele adota a posição de ser um na'vi, de tomar essa identidade para si.
Mas quem é Jake Sully? O astronauta paraplégico ou o na'vi toruk makto? O que faz dele jake sully, o que o caracteriza? A forma como e onde ele nasceu ou o que ele decidiu ser? O que nos define como pessoas? O que nos temos, pensamos, raízes, cor? Ou somos aquilo que, de fato, fazemos, demonstrando com ações, a cada segundo de nossas vidas, as nossas idéias, crenças e conceitos?
Claro, ele levanta questões clichês, como o homem como vilão/alienígena ou entidade maligna contra seres benéficos e certos em sua resistência, a relação do herói e da mocinha de mundos diferentes.. mas são questões que funcionam como plano de fundo, para apresentar os personagens ao público, esse não é, propriamente, o foco da história...
Retomando a questão 1
Tendo constatado que a luta do povo na'vi é pela preservação do sistema em seu planeta e não pelo direito/posse do território em si, fica a questão: e se alienígenas invadissem a Terra, dispostos a exterminar com a vida, humana ou não (não que nós, humanos, daríamos valor às vidas não-humanas at all...), pela exploração dos nossos recursos naturais recursos naturais do planeta, como a água?
Este é um princípio radicalmente diverso; seu ponto de partida e de referência é a solidariedade dos homens em sua vida em comum e em competição. É daqui que é preciso deduzir as normas fundamentais, com base nas quais informar os processos de ação, tanto econômicos como também não econômicos.”
Cf. E.-W. Böckenförde, “Ethische und politische Grundsatsfragen zur Zeit” [Questões éticas e políticas fundamentais para a época], in Id., “Kirche und christlicher Gaube in den Herausforderungen der Zeit” [Igreja e fé cristã nos desafios da época], Münster, 2007, pp. 362-366.