quarta-feira, 17 de junho de 2009

La Liberté

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Eugène Delacroix - La Liberté guidand le peuple. 1830.

Uma pintura que me fez refletir muito dia desses ao ver um debate sobre a mesma, na TVE.
Ela representa o espírito revolucionário e vencedor(?) de uma época que marcou muito a sociedade como um todo.

Um pouco de história pela Wiki:

Sobre Delacroix
Sentindo-se um pouco culpado pela sua pouca participação nos acontecimentos do país, pintou A Liberdade Guiando o Povo (1830), um quadro que o estado adquiriu e que foi exibido poucas vezes, por ter sido considerado excessivamente panfletário. O certo é que a bandeira francesa tremulando nas mãos de uma liberdade resoluta e destemida, prestes a saltar da tela, impressionou um número não pequeno de espectadores. Essa obra de Delacroix é a capa do álbum "Viva La Vida Or Death And All His Friends" de 2008, da banda Coldplay.


Revolução de julho de 1830
Nos dias 27, 28 e 29 de julho de 1830, conhecidos como os três dias gloriosos, o povo de Paris e as sociedades secretas republicanas, liderados pela burguesia liberal, fizeram uma série de levantes contra Carlos X. Levantou-se barricadas na capital francesa e generalizou-se da luta civil. As revoltas populares sucediam-se a tal ponto que a própria Guarda Nacional acabou por as apoiar, aderindo à sedição. Após lutas nas ruas parisienses (as Três Gloriosas), o último Bourbon teve de partir para o exílio no começo de agosto. O clima da revolução perpassa pelas páginas de Os Miseráveis, de Victor Hugo.
De fato, muito bonitinho desse jeito. Entretanto, caros amigos, lhes convido a ver mais de perto esta obra. O que temos? Qual o seu contexto real? Sua representação?

A começar pela história da obra em sí, que chegou a ser comprada pelo Estado para ser mantida longe dos olhos do povo por um determinado período e depois devolvida ao autor anos mais tarde, temos aí pistas de que seu significado não é exatamente de exaltação de um espírito vencedor.

A revolução francesa, alí representada em sua reta final, foi a responsável pela consolidação do liberalismo na Europa. Encabeçado pela burguesia decadente, em crise, se utilizando do descontentamento do povo, desemprego e revolta com as condições de trabalho, tendo-os assim como peões para suas táticas, estoura uma guerra civil na França, povo contra a monarquia vigente.

Até aí é lindo, a união de duas camadas sociais contra a opressão de um Estado absolutista visando a evolução social. A Liberdade.

Liberdade?

Bom.. se pararmos pra pensar o quão controlados, sugestionados, avaliados, cobrados, etc, somos nesse modelo econômico atual.. o capitalismo.. oriundo desse espírito liberalista de 1830, pergunto, somos realmente livres? Fora isso, todos os nossos conceitos, nem sempre racionais, que muitas vezes medem, censuram nossas vontades, nos auto-boicotam.

Começa que pode-se afirmar que já naquela época a Liberdade alcançada não era nem um pouco a que fora esperada... daí o motivo do Estado liberalista esconder esta obra do povo... O povo queria liberdade, e o teve, mas não conforme o era desejado... continuaram a servir um sistema decadente e insustentável (questão de tempo), continuaram a ser explorados, a trabalhar em condições sub-humanas, etc...

E é esse espírito que Delacroix tenta mostrar. Temos A Liberdade representada por uma figura feminina, em vestes e pele sujas, com pêlos no corpo (que na época já não era mais moda) e a empunhar uma arma na outra mão. É uma liberdade grosseira, a olhar desconfiada ao soldado (a quem diga que seria o próprio Delacroix) popular que lhe aponta um rifle, com a mão no gatilho, e segurando o cano da arma com a outra, em um ato fálico. Uma demonstração de poder sobre a liberdade do que poderia ser um possível burguês dadas as suas vestes, que não combinam com a miséria do povo naquela circunstância específica.

Temos crianças a empunhar armas, com caras sujas, larrapiando as roupas dos soldados mortos, sobre os quais também pisam em cima juntamente com o restante do povo. Soldados populares, mais motivados pela ira do que pela ideologia de liberdade, de chapéu e peças de roupa afanadas dos soldados inimigos, mortos. Uma multidão em pânico e extasiada, descontrolada.

Essa é a liberdade que Delacroix pintou. Essa é a realidade em que vivemos. Não somos livres at all...

"Pense, fale, compre, beba
Leia, vote, não se esqueça,
Use, seja, ouça, diga
Tenha, more, gaste, viva"

Admirável Chip Novo - Pitty
As pessoas também confundem muito liberdade com falta de organização ou responsabilidade, conforme o Mestre Vic constatou esses dias em um dos nossos pequenos debates. Mesmo erro crasso muito cometido com relação ao termo anarquismo também.

Ter liberdade, em um sentido mais específico, em nossa sociedade atual, justamente significa ter discernimento e responsabilidade suficiente para saber a consequência de seus atos, medí-los para então executá-los. Ter bom senso suficiente para se conviver em sociedade e saber onde começa e termina a minha e a sua liberdade. Grandes poderes exigem grandes responsabilidades... E nossa capacidade de escolha é um grande poder, quando bem executada...

Poucos sabem mas o Sr. Lulo assinou um tratado que garante trocas de privilégios com o Vaticano, ao passo que seja obrigatória a disciplina de "Ensino Religioso" em TODAS as escolas... Mas.. o Estado não era Laico? Ou deveria ser? Ainda mais no Brasil, que é uma suruba étnico-religiosa (o que é ótimo e é um dos grandes diferenciais da nossa terra maravilhosa cheia de encantos mil)... E os filhos de famílias judias brasileiros? De religiões africanas, espíritas, evangélicas, pagãs... Isso tudo em meio a volta à censura...

Bom, se o mundo vai acabar em 2012 eu não sei, mas se que tá ficando uma Merda Foda cada vez pior.. isso tá...

"Não sois máquina, homem é o que sois!"
O Grande Ditador.
Para ler: "Lula assina acordo com o Vaticano sobre o Ensino Religioso"
 
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