terça-feira, 14 de abril de 2009

Não tome o dedo pela Lua.


O genial Bruce Lee, certa vez, disse:

Veja-o como um dedo apontando para a Lua. “Por favor, não se fixe ao dedo, senão você perderá inteiramente a beleza do firmamento. Após tudo, a utilidade do dedo é em apontar, longe dele mesmo, a LUZ que o ilumina e que ilumina a tudo mais”.


Ontem, conversando com a Ami e com o Vi, deparei-me com um texto que ela havia escrito algum tempo, que de certa forma, de maneira impecavelmente poética, descrevia um pouco de mim...

Ao reler notei que não bato mais 100% com ele, conforme outrora.
Mas bem, as pessoas crescem, mudam, umas para melhor, outras não... outras permanecem estagnadas... enfim...
Entretanto, talvez seja impressão ou mera nostalgia, conforme conversei com o Thiago esses dias, mas sinto que naquela época as coisas em geral tinham mais graça, eram mais apaixonantes, não precisavam fazer sentido e não eram tão complexas como hoje... talvez pela benção da ignorância da imaturidade.

Mas amadurecer significa abrir mão de alguma parte de nós? De uma parte que dava mais vida à vida? Significa endurecer e perder la ternura?

"...pero sin perder la ternura jamás!"
Che.


Talvez o caminho que certas buscas tomam estejam me afastando de mim mesmo, por pura ironia do destino, na tentativa de me conhecer melhor e ao em volta, me perdí de mim mesmo em dado momento da jornada...

É como dirigir em uma autoestrada, por mais que os campos sejam verdejantes, as montanhas brinquem de fazer gigantes e o animais dos pastos sigam suas vidas bucólicas, o motorista só pode olhar pra frente, sem admirar a paisagem...

Talvez seja necessário parar por um momento no acostamento, alongar-me, admirar o que precisa ser admirado e aí então seguir viagem... Até nestas viagens, quem diria, é necessessário parar um pouco...

"Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás!"



Jamás...

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Uma daquelas coincidências estranhas que têm acontecido seguidamente...
Estava lendo um dos meus blogs favoritos, que aliás, tem um conteúdo bárbaro, e me deparo com o seguinte texto:

"...

O Mantra OM NAMAH SHIVAYA é um mantra de evocação a Shiva. A tradução literal do mantra seria "Eu Saúdo o Senhor Shiva". Shiva é, segundo a tradição hindu, o segundo aspecto da trindade. Ele possui vários epítetos (atributos), sendo os mais conhecidos "transformador, o de doce efulgência, o de três olhos" (tryambake)... No entanto, a palavra Shiva é literalmente "o Benevolente". Shiva é a Consciência Pura, o fundamento original do Ser. No yoga e nas correntes védicas ele é chamado de Brahman. Brahman e Shiva representam o mesmo princípio: O Todo, o Absoluto, o Fundamento Original do Ser. Sendo assim, Shiva é normalmente retratado em postura yogue, com rosto sereno, plácido e sempre em paz. Sendo O TODO, nada está fora dele, e portanto, ele é sempre o mesmo, igual em todas as circunstâncias.

Mas a maioria das pessoas associa Shiva a movimento, pois está associado a transformação, mudança. E como acabamos de ver, ele é pura quietude, visto que SEMPRE É O MESMO. Se é assim, por que associar ele a transformação, ou até mesmo à destruição? Parece que temos um paradoxo ai, não é mesmo?

Mas isso é só aparente.

Sendo Shiva a Consciência Pura, o Fundamento do Ser, quando evocado ou "sintonizado", tende a iniciar o "movimento de ajuste de foco" em nós mesmos. Assim, a "energia" de Shiva tem a propriedade de nos mostrar a Realidade Última, ou seja, a nossa própria natureza essencial. Shiva é o destruidor... das ilusões!

Quando isso ocorre, as dualidades da realidade aparente em que vivemos tendem "a se chocar", causando uma sensação aparente de desordem ou mudança.

Na verdade, as mudanças ou "viradas de cabeça" que a energia de Shiva provoca não é nada mais do que um "puxão para a Realidade". E quando falo realidade, não falo da realidade ordinária, do dia-a-dia. Falo da Realidade da Consciência como sendo uma e tudo. Falo de um puxão ou um fluxo de energia que se cria no sentido de "movimentar as dualidades em nossa cara" e fazer com que surja a possibilidade de perceber o REAL, o essencial de tudo e em tudo.

..."

Bom, pra quem não sabe, tenho estudado e praticado um corrente dentro do hinduísmo e pra mim, foi tocante ler isso, neste momento.

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É como se você jogasse um jogo em primeira pessoa, onde você vê as suas mãos de perto e o cenário com os próprios olhos, e então, em dado momento, mudasse a câmera, a perspectiva, e daí visse o jogo em terceira pessoa, vendo seu personagem de trás, sem ver suas mãos de perto...
Sensação de perda de um pouco de identidade...

Obviamente, o jogador de primeira pessoa não sabia lidar com algumas situações que o jogador de terceira agora sabe, pela falta de visão mais abrangente, do todo, maturidade...
Mas o jogador de primeira também não se pegava abalado por não conseguir encontrar um sentido ou o mecanismo das coisas, ele apenas vivia, sem se questionar sobre isso...

Mas qual a necessidade desse questionamento? Por que tem que ter um sentido? Sou só eu ou fria lógica que adquirimos com a idade, necessariamente, entra em conflito com a falta de sentido lógico das coisas do mundo?

Enfim, só um parêntese mesmo.

4 comentários:

  1. disse tudo... estou, por mais incrível que pareça... sem palavras.

    O caminho da maturidade é desencantador. Porém não é ruim. Perder o encanto é necessário.

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  2. é muito difícil, mudar, amadurecer, sem perder a ternura.
    eu costuma dizer no meu perfil do orkut.
    esqueça o seu olhar adulto e veja o mundo como uma criança.
    As pessoas param de sonhar, param de acreditar em certas coisas depois de um tempo devido a suas experiências na maioria das vezes.
    Eu não entendo como alguém diz: "ai, o meu namoro de 10 anos não deu certo! não quer mais ninguém, pois não quero me magoar de novo"
    GENTE! HELLO! deu certo por DEZ! anos, como é que não deu certo?
    fora o fato de eu defender que, não importa o quanto tenha sido turbulento um relacionamento, eu sempre vou preferir tê-lo tido do que nunca tê-lo vivido.
    No entanto, pelo menos na minha concepção existem parâmetros básicos para que esse relacionamento se estabeleça, e parece haver uma dificuldade das pessoas em entender que um relacionamento é feito de duas pessoas, se uma pessoa gosta muito da outra, isso não é motivo suficiente para elas estarem juntas. Ambas devem gostar uma da outra. Mas as pessoas se tornaram tão egocêntricas que não importa se a pessoa gosta de ti, mas sim que tu gosta dela, e que tu tem amor por dois.
    enfim, tangenciei o tema, nota zero na redação da ufrgs. digo do ENEM neh. aliás, nem sei. XD

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  3. Pois olha. Perder a ternura. Falando em tangências, tenho cada vez mais chegado a (este "a" devia ter crase ou não) conclusão de que a vida moderna, principalmente na correria das grandes cidade, tange a depressão, ao melancolismo e que, por medo, embora a população aumente, as pessoas ficam mais isoladas, vivem mais sozinhas e ficam cada vez mais complicadas. Você diz em seu post que algumas coisas com as quais se identificava, agora não se identifica tanto, comigo acontece ao contrário, me identifico muito com as coisas do meu passado, parece que eu cresci sem querer, quer entender? procura ler o poema (ou poesia, sei lá) "Recordo Ainda" do Mário Quintana, é a melhor descrição que tem de mim. Um grande abraço!

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  4. É lipe...

    A real é que a vida nunca será uma constante né?
    Pelo menos para nós..
    Você sempre vai olhar para trás com outros olhos e sempre vai se ver diferente.

    Isso, na verdade, é o que te faz especial.

    Essa habilidade de mudança, de aprendizado, de evolução!

    Talvez você não tenha perdido sua ternura, mas tenha aprendido que essa "ternura" era de certa forma inútil. Inútil para você AGORA, um novo ser que sempre renasce.

    Sei lá.. eu to passando por uma metamorfose de pensamentos. Estou tendo dores de cabeça todo dia. E eu sei que não é stress, nem cansaço, nem depressão. É um antigo Vi batendo de frente com um novo Vi...

    Pode deixar que te mantenho informado de tudo.
    Matei o Vi por um tempo..
    E estou tentando renascer o velho Gato-do-mato.

    Um forte abraço meu mano querido!

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