domingo, 8 de março de 2009

A luta, o luto e a fragilidade da vida.

Intro

Bom, primeiramente peço minhas singelas desculpas pelo atraso em questão... Havia me comprometido a atualizar a cada semana... mas as vezes a vontade de pensar é maior que a de escrever... tudo a seu tempo... right?

Peço desculpas também pelo tema da postagem de hoje... pois também havia me comprometido a postar algo sobre as indagações de resposta ao tópico anterior. Que não vão ocorrer, não neste momento... Quem sabe quando houver mais opiniões nos comentários dela.. Preciso de vocês pra gerar conteúdo, galerë... Tem toda uma proposta de interação no blog, sacaram?

Bom, chega de desculpas, até porque tenho bons motivos para issoS...

So... let's begin..



Um Fim Prematuro

Em meados, mais precisamente no inicio do Carnaval, às 6h da tarde, faleceu um amigo, com seus Vinte e Poucos Anos.
Infelizmente, devido os meandros do destino, não fomos tão próximos, mas ainda assim, podia chamá-lo de amigo. Foi um golpe da vida tão idiota, mas tão idiota, que se não fosse com alguém próximo, dificilmente eu acreditaria. Ele estava em Santa Catarina, com uns amigos, curtindo a tarde...era um rapaz correto, responsável...mesmo sobre uma motocicleta. E enquanto ele a pilotava rumo ao encontro de seus amigos, foi ultrapassar um caminhão, em velocidade adequada, em pista adequada, em estado físico-mental adequado, tudo conforme a lei, mas a lei não fala nada sobre o momento e o "destino"... Então, enquanto cruzava o caminhão, este que transportava pedras, sem cobertura superior... Uma das cargas, pesando 4kg, cai sobre a cabeça do piloto da moto... dada a distância e as acelerações, foi morte instantânea, nem o capacete pôde evitar. Um segundo, um milésimo a menos ou a mais teria feito toda a diferença.

Quem viu "O Curioso Caso de Benjamin Button" vai lembrar da cena em que ele relata o acidente que sua amada dançarina sofrera, e todos os fatores, externos ou não, se tivessem sido, por questão de milésimos ou uma decisão, diferentes, não teria ocorrido.

É exatamente isso. Uma...fatalidade sem sentido, um exemplo claro da fragilidade da vida, da diferença, em peso de vida ou morte, que uma decisão ou um milésimo de segundo pode fazer. Uma hora se têm, na outra não e assim é a vida, a frágil vida. Não consigo imaginar o sofrimento dos pais e irmãos dele, principalmente pela total impotência perante a situação. O que se pode fazer, se não chorar pela dor da perda? Então que sejam as lágrimas a cola das boas lembranças, dos que vão, em nossas mentes e corações. Pois é isso que fica, nada mais, nada mais que importe, fica quando partimos.
E em meio a estes questionamentos, à dor, ao sofrimento de outras famílias que também estavam lá pela oração à entes perdidos, na missa de sétimo dia, observando...minha vista é bruscamente interrompida, por um estranho objeto, algo parecido com uma daquelas redes de caçar insetos, porém de cor vermelho-sangue, portado por duas senhoras, cujos sorriso pareciam ignorar o clima pesado e tenso que envolvia o ambiente...E então, a gloriosa e acolhedora igreja revelando sua face novamente. o dízimo. Com a frieza de um mercador negreiro, que expõe com sorriso, sem vergonha, sua ganância...mesmo em dada situação. Isso não é acolhimento, na minha época chamava-se extorsão ou chantagem.

Me pergunto que fim levaram as palavras de um tal Jesus, achados numa caverna perto de um mar com alta concentração de sódio...

"Corte uma madeira e lá estarei. Levante uma pedra e lá me encontrarás" ou "Eu não estou em altares de madeira, em estátuas de ouro.Você é o verdadeiro templo de Deus". Não foram estas as máximas? E onde elas estão agora? Viraram, no mínimo, mínimas.
Machismo ocidental, ideologias retrogradas que atrapalham o desenvolvimento humano, hipocrisia..pregar a busca por deus e o espírito enquanto se bebe vinho em cálices de ouro...
(manuscritos ou pergaminhos do mar morto, curiosamente considerados heréticos pela igreja, estranho né? Por que será?)

E então, o que fica? O que deixamos?
Memórias, lembranças? Será que levamos elas também? Ou até mesmo o que vem depois desta realidade não possui um sentido lógico e perceptível...?



A Morte da Consciência

Rorschach is DEAD.

Ok, "E???" diz você, quer tenha ou não lido o HQ "Watchmen" de Allan Moore, ou não visto o filme homônimo ainda...

Bom, a verdade é que isso significa muito...Não pelo personagem, mas sim pelo seu símbolo.

Vou contar um pouco dele, mesmo que somente lendo ou vendo o filme seja possível ter uma PEQUENA ideia do que ele representa...

E aqui cabe uma pequena WikiQuote:

"Rorschach (Walter Kovacs): personagem enigmático, pessimista e com muita força interior, é incapaz de se relacionar normalmente com a sociedade. Projeta na luta contra o Mal seu senso de solidariedade e constrói sua própria moral. Rorschach é um psicopata às avessas, considerado o terror do submundo e um fugitivo da justiça. É ele quem move o enredo e todos os personagens desde o começo da saga, ao perceber que um complô está em andamento. Adaptado do Questão."

Bom, isso não dá 1 mg de noção do que é o Rorschach. Vou tentar alguma de suas frases, ou melhor, a sua primeira fala, que não apenas inicia a primeira edição de Watchmen (1 de 12) como também o filme:

"DIÁRIO DE RORSCHACH
12 de Outubro de 1985.
Carcaça de um cão morto no beco hoje de manhã com marcas de pneu no ventre rasgado. A cidade tem medo de mim. Eu vi sua verdadeira face. As ruas são sarjetas dilatadas cheias de sangue e, quando os bueiros transbordarem, todos os vermes vão se afogar. A imundice de todo sexo e matanças vai espumar até a cintura e as putas e os políticos vão olhar para cima gritando "salve-nos"... e eu vou olhar para baixo e dizer "não". Eles tiveram escolha, todos. Podiam ter seguido os passos de homens honrados como meu pai ou o presidente Truman. Homens decentes, que acreditavam no suor do trabalho honesto. Mas seguiram os excrementos de devassos e comunistas sem perceber que a trilha levava a um precipício até ser tarde demais. E não me digam que não tiveram escolha. Agora o mundo todo está na beira do abismo contemplando o inferno e os liberais, intelectuais e sedutores de fala macia... de repente não sabem mais o que dizer." Diário de Rorschach

Sacaram mais ou menos o que ele é? Basicamente a consciência auto-crítica da sociedade, expondo todos os seus podres mas mesmo assim acreditando que ela pode ser salva, com muita luta, mas pode.

Mas aí meu lado Dr. Manhattan (outro personagem com o qual me identifiquei muito com a forma de pensar e que vale muito a pena ser visto...) me pergunta:

-Por que salvar este amontoado de moléculas sem sentido que estão fadadas a auto-destruição?

E eu respondo:

-...era pra salvar? Eu nunca disse que concordava com o Roroschach... mas admiro sua forma de pensar e sua garra... que até mesmo diz no ultimo segundo:

[Spoiler Zone]

Tá... a questão do final do filme e do quadrinho, o ápice da discussão filosófica e ideológica do mesmo vou deixar pra semana que vem, apesar de me segurar muito para tal...

Espero que o Rorschach e Dr. Manhattan tenham deixado o gostinho de quero-mais em quem ainda não viu o filme... Pois eles são, para mim, os personagens centrais da trama, da discussão filosófica do filme...

Aguardem semana que vem (até lá mais pessoas já devem ter visto o filme...), eu mal posso esperar...


Ficadica.

4 comentários:

  1. Ai, nao gostei desse post. Tá vazio. Não conseguí dizer o que eu queria dizer...porr4!

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  2. Tá, o fato é que o Rorschach não pediu pra ser morto (pelo dr. Manhattan, um ser com sentimentos reprimidos e de poderes ilimitados, o que caracteriza suicidio)porque entrou em conflito com o fato de perceber que a paz só poderia acontecer através da mentira e da injustiça (até mesmo por parte de heróis), coisas que sempre lutou contra mas que pareciam fazer sentido, mesmo com seu ponto de vista moralista...
    Mas muito pelo contrário, ele pediu para morrer porque sabia que tanto Veidt como Manhattan sabiam que ele estava disposto a contar a verdade ao mundo, fazer justiça, pois ele acreditou até o ultimo momento que a sociedade poderia ser mudada com honestidade, e assim Veidt seria o culpado da morte desnecessária de milhares, sabendo-se que Rorschach acreditava na mudança sem a necessidade dessas mortes... Pena o Manhattan esquecer sua humanidade e deixar-se levar por Veidt.. pois ele também sabia que faltaria pouco pros humanos entrarem em guerra novamente, pois para promover a paz completa e verdadeira é necessária uma mudança racional e ideológica na sociedade. PROMTOFALEI.

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  3. Eu gostei do post. Ele não tá tão profundo quando o último, mas levanta mais questionamentos. Não te cobra por aquilo que não conseguiu explicar pro teu leitor, mas sim o que teu texto vai fazê-lo questionar.

    abração.
    (não tomei o chá de pêssego, mas essa caipirinha tá daqui ó)

    asiuhasiua

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  4. Muito bom o teu texto, lipe... eu gosto muito do que tu escreve aqui e,bem...

    boa parte do que a gente conversou sobre o filme expõe um pouco do que eu penso sobre ele.

    em relação a insignificância da vida, e a desvalorização dela "why the fuck must I care?" só te digo uma coisa, aliás, a mesma coisa que diz o manhattan:

    "milagres quânticos..." são momentos da física que em teoria são improváveis de acontecer, como o oxigênio se transformar espontaneamente em ouro.

    O fato é que... se conseguirmos ver o milagre quântico nas pessoas, podemos, assim, dar um pouco mais de valor a elas e a nós mesmos.

    Outra questão interessante tratada na trama de watchmen, e muito bom para uma discussão futura, é a teoria do caos... na qual um sistema que é afetado por um estímulo quase que insignificante, tem conseqüencias infinitamente maiores e devastadoras. O mesmo princípio do efeito borboleta. Em watchmen, bastou a morte do comediante para que se desencadeasse um plano de genocídio que salvaria a humanidade ela mesma... mas enfim... essa idéia pode ser melhor elaboradae filosofada sobre... como espero e sei que irás fazer...

    um grande abraço!

    e vamo ver esse troço de novo!

    quero ver com outros olhos...

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